Decrepitude
Olhos ásperos
Gritam involuntariamente
E o marca-passo do tempo
Rastreia as horas do desejo.
O canto da meia-noite chega
A esfolar a lembrança
Amendoada da tristeza
Que não se deseja viva.
É tempo de chorar
A oração sem fé.
É tempo de afogar
O beijo não beijado.
JCVMoura
14 de fevereiro de 2014, 00h10
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Ao final...
Ao final...
Cobre-me de ramas,
Cobre-me simplesmente
De verdes ramas.
Afasta de mim
A efemeridade
Das rosas, belas rosas.
Cobre-me de ramas,
Verdes e tenras ramas,
Que anseio a eternidade.
Nada mais!
JCVMoura, 05/01/2014, 15:53
Exorcismo
Exorcismo
Azêmola criatura,
Dorso passível de agnosia,
Desata da pele que te cobre,
A ira dos tufões!
E cai de joelhos
Sobre o teu defeito,
A implorar perdão
Ao mundo que te cria!
Depois, voa,
Voa solta pelas alvoradas
A oblatar flores
E a colher sorrisos!
JCVMoura, 05/01/2014, 13h15
Singeleza
Singeleza
À ventura adjudico
Meu desassossego,
Cada noite que enrico,
Cada sonho em desdita.
Busco o pólen na flor
E do ar, o prazer de inalar,
Sem avaro esplendor,
Sem do mundo o imundo.
Rogo aos divos saber
Da pureza o destaque
E transpiro em prazer
A beleza in natura.
JCVMoura, 05/01/2014, 15:03
Destino
Destino
Muda a tua sina,
Bebe água da chuva,
Planta estrelas.
O que restar é dor
E afrodisia.
O instante
Sempre é mais poderoso,
Do que o antes e o depois.
Na escalada do sonho,
Pulsa intermitente.
JCVMoura, 05/01/2014, 12:40
Silêncio
Silêncio
Deixa as lágrimas
Escorrerem,
Pois são pérolas
Do tempo.
Asperge orvalho
Na madrugada
E regurgita sons
Inaudíveis.
Não te envergonhes,
Mas verte, núncio,
As dores todas
Do mundo.
JCVMoura, 05/01/2014, 11:08
O mar, meu luar...
Espelho do céu, esse mar,
Bravio e revolto ou bem manso,Boleia ao remanso...
O que me dirá esse mar?
Ausculto em silêncio o luar,
Retoco na luz o seu brilho,São dentes trementes que rilho...
O que me dirá o luar?
Angústia e tristeza,
Faróis em tom de agora,Na noite que chora...
Em tudo há grandeza!
JCVMoura, 27/12/2013, 15:24
Jardim do silêncio
Jardim do silêncio
Aprisiono-me à mordaça,
tal rosa plantada
naquela pequena tumba
e lavo a cegueira dos olhos
ao orvalho do tempo.
Aprisiono-me à terra
suja de miasmas,
naquele leito de ossos
e abraço na eternidade
o chão seco e apétalo..
Aprisiono-me ao sonho...
aquele que não morre...
JCVMoura, 11/12/2013, 16:43
Segredo
Segredo
Retas
Curvas
Asfalto
En-san-guen-ta-dos
Pés-asas
Soltos
Desnudos
Correm...
Rito religioso
De fera ferida
Minh'alma é víscera crua
Sacrifício do passado...
JCVMoura, 24 nov 2013, 18:56
Transcendência
Transcendência
Reconheço tua alma
na beleza dos astros,
e por um instante
que fixa o Tempo,
consigo ultrapassar
o abismo que nos separa...
Beijo-te, então,
apaixonada e ternamente,
com a força de lágrimas
esbaforidas e nervosas,
que te receiam perder
pelos caminhos do Infinito...
JCVMoura, 4/11/2013 - 18:10
Fome
Fome
Apóstolos
Sem mínimo vital,
Famintos, todos –
Crianças, mulheres e idosos,
Em gritos de dor!
Protagonistas
Do desengano,
Famintos, todos –
Imigrantes, prófugos e desempregados,
Em palco de horror!
Pressões políticas
Envergonham o Mundo...
Nada interessa
Que não seja o Poder...
- Mundo humano... desumano!
JCVMoura, 2/11/2013 – 20:47
Mágoa
Mágoa
Sal que sufoca a garganta
E se deposita covarde
Num estômago colorido
Por musgo apodrecido.
JCVMoura - 02/11/2013 - 20:09
E, ainda insistes, no sorriso?
E, ainda insistes, no sorriso?
Desejas um sorriso...
Como sorrir, quando a morte acompanha teus passos?Como sorrir, quando a vida nascida morre antes de ver-te?
Como sorrir, se a cada desgraça apresentas o coração?
Como sorrir, se és a arma da própria desgraça?
Desejas um sorriso...
Terás sim, as flores plantadas no cemitério do meu corpo!Terás sim, as lágrimas derramadas pela incompetência!
Terás sim, os reflexos guardados num espelho insaciável de morte!
Terás sim, o sofrimento enterrado irreversivelmente na minh'alma!
Mesmo assim, ainda insistes, no sorriso?
JCVMoura – 11/03/2010 – 21:56
Caluda!
Caluda!
Sem identidade
A Paz castigou meu cérebroE o Amor atirou-o
Às falácias do Tempo.
Sem visão, nem olfato ou paladar,
Ouço ecos mentirososQue se refugiam no próximo...
Próximo do próximo... Eu!
JCVMoura – 1º/11/2011 – 18:42
Desencanto
Desencanto
JCVMoura - 16/10/2013 - 00:10
Rumo ao cadafalso
Segue em desalinho,
Pés e mãos acorrentados
Ao pensamento livre.
Rodopia
No fio da noite.
É mar
Sem fé nem luar.
Ah, parcas ilusões,
Que o coração goteja!...
JCVMoura - 16/10/2013 - 00:10
Extermínio
Extermínio
Bálanos anômalos
Vertem ilusõesDifusas.
Escórias de ferro
Ativam mentesAndrógenas.
Fogos de artifício
Conspiram medosAtivos.
Cai a sombra da noite
No dia...
JCVMoura
4/10/2013 – Por volta das 1:38h
Fim
Fim
Na subida da noite
Crisântemos fecundam as estrelas
Enquanto meus sonhos
Morrem na boca dos saposEm pugilato com os pirilampos.
JCVMoura
4/10/2013 por volta das 1:17h
Thesi
Thesi
Cadáveres não comem e não bebem,
Mas alimentam urubus bravios
E saciam a sede da corja que aplaude.
Carpideiras, seriemas da seca,
Raramente possuem lágrimas...
Tolo povo, não sabe distinguir Vida e Morte!
JCVMoura - 1/11/2011 - 18:25
Cadáveres não comem e não bebem,
Mas alimentam urubus bravios
E saciam a sede da corja que aplaude.
Carpideiras, seriemas da seca,
Raramente possuem lágrimas...
Tolo povo, não sabe distinguir Vida e Morte!
JCVMoura - 1/11/2011 - 18:25
Sem sentido
Sem sentido
Quanto da vida é sonho?
Quanto é verdadeiro?
Ouço o coração a galope,
Cheiro o sangue que chamusca nas veias,
Enxergo as pegadas de mim,
Tateio a escuridão
E sinto o gosto das lágrimas
Que vertem medo.
Tudo e tudo e tudo
Concomitantemente!
Neste momento parvo
Faço-me grande,
Envergo os ossos da coluna
À História
E esbravejo à solidão.
Então, sem saber a razão,
Peço perdão ao passado.
JCVMoura
26/7/2012
Quanto da vida é sonho?
Quanto é verdadeiro?
Ouço o coração a galope,
Cheiro o sangue que chamusca nas veias,
Enxergo as pegadas de mim,
Tateio a escuridão
E sinto o gosto das lágrimas
Que vertem medo.
Tudo e tudo e tudo
Concomitantemente!
Neste momento parvo
Faço-me grande,
Envergo os ossos da coluna
À História
E esbravejo à solidão.
Então, sem saber a razão,
Peço perdão ao passado.
JCVMoura
26/7/2012
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