quarta-feira, 23 de maio de 2012

Amor viril na Grécia antiga


A origem da atração apaixonada
Do homem pelo homem
É apanágio do tempo distante
Que se perde nas brumas
da imaginação humana.
Lá, naquele mundo afastado
No qual as sociedades guerreiras
Incitavam homens e homens
A encerrarem-se em si mesmos
O amor hercúleo nasceu.

Nesse contexto diverso de civilização
Tornava-se baço o amor sutil e leve
Travado entre homem e mulher
Em contraponto às virtudes varoas
- Força, Bravura e Fidelidade.
Cultivava-se a empáfia masculina
Bem à moda de Verlaine
Quando em Parallèlement
Celebra cínico e combativo
Suas orgias com Rimbaud.

Ao tom das lendas, se amantes
Ao campo de luta, imbatíveis os solos
A serem defendidos ao sabor
Do heroísmo e sacrifício
- Imaginário de efêmera nobreza.
Deuses olímpicos, reis gregos
Heróis militares e tantos outros deles –
Inocentavam a pederastia e o amor viril
Como o ensino erudito, perfeito e puro
Da iniciação sexual e da vida social.

A esta evocação, jovens efebos
Subjugavam-se aos amantes raptores
Que entre banquetes e caçadas
Transformavam-nos em alimento
Da moral pederástica de outrora.
Entre oferendas de bois a armaduras
Regressavam da glória, aos píncaros
Exaltados em festa ao resultado da festa
Em que seus corpos supriram
Os prazeres sublimados da nobreza.

Por medo do opróbrio social
Bocas adolescentes vitimizadas
Silenciavam aos corações em grito
Sufocadas pela religiosidade do ato
Pederasta e divinal – um privilégio social.
Escudeiros fiéis ao manto virtuoso
Das interpretações passadas
Resta-lhes hoje o status de vítimas brutais
Da transmitância, de macho para macho
Da virtude guerreira ideal – insana e obscena.

JCVMoura
Poema histórico escrito para um seminário.

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